terça-feira, 26 de junho de 2012

O devir implacável dos dias

A irrequietude e a agonia
O inferno dantesco, a melancolia
O eventual esquecimento
O devir implacável dos dias...
A lembrança intermitente, a solidão complacente
Tua existência latente, minha paixão dissolvida.

Meu sentimento ardente
Tua ignorância fria!
Meu objetivo telecinético
Tua realidade preenchida.

Minha decadência inóspita
Tua evolução frígida!
Um emaranhado trágido
A experiência empírica,
Pleonasmos pedantes
Versos corrompidos, hermeticamente preenchidos
Crentes da soberania, pela esperança embebidos,
Fadados à sepultura tardia.

Poderia evitar toda a agonia!
Não fosse minha insistência, esse ímpeto,
Tamanha rebeldia...
Em te odiar durante quase um segundo,
Depois te amar ainda mais.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Interlúdio

As reminiscências permanecem nítidas
A epítome da lembrança permanece incólume
Quando mais poderei recuperar as horas perdidas?
Em que apenas se especulou nos meus sonhos a tua vinda.

Quando mais terei forças para derrubar os agonizantes muros?
Permanecem, por agora, intransponíveis!
E assim permanecerão, até o glorioso dia
Portanto, deverias me socorrer, meu amado
Mas o que me resta?

Se permaneces na indolência do cronos, inviolado
Aguardando um movimento que só pode ser teu, intrínseco!
Queria eu poder efetuar tal movimento por ti

Não fosse a minha inércia semelhante à tua!
Lastimável, estática, crua.
Mas a esperança é um interlúdio,
E quando chegar o esplendoroso momento,
O dia em que conceberás minha alma, cálida e nua,
Poderei então gozar do teu amor etéreo e sedento.

Georges Brassens

Nostalgia de um tempo que não vivi!